A intercessão do Espírito como socorro à fraqueza humana

Uma análise de Rm 8,18-27

Resumo

A perícope de Rm 8,18-27, situada no coração da seção pneumatológica da Epístola aos Romanos, constitui-se em uma das expressões mais elevadas da antropologia e da escatologia paulinas. Inserido no contexto do “já e ainda não” da salvação, o texto articula, com grande profundidade literária e teológica, a tensão entre o sofrimento que permeia o presente dos homens e a glória futura prometida por Deus. Este estudo propõe-se a realizar uma análise exegética, servindo-se de alguns passos do Método Histórico-Crítico, bem como da análise das formas literárias, da progressão argumentativa e dos elementos culturais e religiosos que moldam a estrutura de Rm 8,18-27. No cerne da reflexão está a atuação do Espírito Santo como o grande intercessor, apresentado por Paulo como aquele que, em meio à fraqueza e à incapacidade humana de rezar como convém, intercede com gemidos inexprimíveis em consonância e/ou conformidade com a vontade de Deus. A linguagem utilizada pelo apóstolo é repleta de paralelismos, construções retóricas e uso técnico de termos como glória, adoção, redenção e esperança. Manifesta uma teologia profundamente encarnada, que realiza um verdadeiro amálgama entre o drama presente na vida e na história humana e o anseio cósmico por redenção. Sob este prisma, criação, humanidade e Espírito se entrelaçam numa tríade que geme, espera e intercede, apontando para uma esperança que não é estagnada em si, mas é ativa, perseverante e fundamentada na presença eficaz do Espírito. Com isso, Rm 8,18-27 evidencia não apenas o consolo em meio às tribulações, mas também trata acerca do sustento da esperança escatológica com sólida fundamentação teológica.